quinta-feira, 26 de maio de 2011

Etiqueta verde

O primeiro selo de greenbuilding foi estampado num empreendimento brasileiro há menos de quatro anos. De lá para cá, outros 22 edifícios concluídos conquistaram os certificados LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e AQUA (Alta Qualidade Ambiental), além dos 21 que receberam a etiqueta do Procel Edifica.
Há ainda o novo Casa Azul, da Caixa Econômica Federal, com cerca de dez projetos em fase de análise, e o inglês BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), que flerta com um grupo de incorporadores brasileiros.

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A fila de candidatos à certificação no Brasil chega a 270 projetos. "É pouco, já que somente no estado de São Paulo existem 80 mil condomínios residenciais. Mas esse movimento está mudando no mercado imobiliário", avalia Luiz Henrique Ferreira, da consultoria Inovatech Engenharia. Para ele, as certificações ajudam a promover a construção sustentável, sobretudo quando a conquista do selo é resultado de um trabalho bem-intencionado, e não um fim em si.

De todo modo, eles atestam as condições de obra e projeto que viabilizam o funcionamento ecoeficiente do edifício (a certificação de uso e operação é mais recente). "No início bastava ter um selo para se diferenciar. Agora que a oferta cresceu, já tem comprador olhando para o tipo de selo", diz Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS). Saiba como funcionam essas certificações.
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LEED - Leadership in Energy and Environmental Design ou Liderança em Energia e Design Ambiental:Desenvolvido pelo Conselho de Green Building dos Estados Unidos (USGBC), esta certificação aportou com força no Brasil no final de 2006, com a criação do Green Building Council Brasil, espécie de filial da entidade que trabalha na divulgação do certificado, bem como no treinamento de profissionais e na promoção e adaptação de leis e regras capazes de incentivar a construção sustentável no país. "O LEED é um instrumento de educação para todo o setor, em que todos saem ganhando", afirma Nelson Kawakami, diretor executivo do GBC Brasil.
Categorias: Novas Construções; Fachadas e Áreas Comuns em Prédios Comerciais (Core and Shell); Operação e Manutenção de Edifícios Existentes e Interiores Comerciais.
Critérios de avaliação: o empreendimento precisa contabilizar créditos nos checklists relacionados aos temas Localização, Uso racional de água, Energia e Atmosfera, Qualidade ambiental interna e Materiais e Recursos, que somam até 110 pontos. Há ainda um sexto item destinado à Inovação. Níveis: dependendo da pontuação atingida, o empreendimento é classificado como Certificado (49), Silver (59), Gold (79) ou Platinum (acima de 80 pontos).
Como funciona: o empreendedor registra o projeto no sistema de certificação do Green Building Council Institute pelo site www.usgbc.org e paga uma taxa de US$ 400. Depois, compõe uma equipe - que pode ou não contar com uma consultoria de profissional LEED AP (acreditado pelo LEED) - para acompanhar o processo e enviar relatórios à certificadora nas fases de projeto, além de memoriais de cálculo, relatórios de obra e testes de comissionamento. Ao término da obra, ocorre a avaliação final e o empreendimento recebe a certificação de acordo com os créditos acumulados.
Custo: cerca de R$ 1 por m2, com valor mínimo de R$ 5 mil para construções com até 5 mil m2 e máximo de R$ 50 mil para obras acima de 50 mil m2. Já a consultoria terceirizada custa, em média, 0,5% do valor da obra. Certificados: cerca de 250 empreendimentos registrados no Brasil, sendo 20 já certificados.
Contato: www.gbcbrasil.org.br
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AQUA - Alta Qualidade Ambiental: Lançada em 2008 como a primeira certificação criada no Brasil, é fruto de um acordo entre a Fundação Vanzolini, de São Paulo, e o instituto francês CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment), por meio da subsidiária HQE (Haute Qualité Environnementale). Seu referencial técnico para edifícios habitacionais, de 2009, foi desenvolvido em convênio firmado com a Cerqual, do Grupo Qualitel, certificadora francesa de empreendimentos residenciais sustentáveis.
Categorias: há referenciais técnicos para Novas Construções Habitacionais (pioneiro no gênero no Brasil); Reformas de Edifícios Não Habitacionais; Edifícios em Operação e Uso Não Habitacional, Edifícios Novos - Escritórios e Escolas; Edifícios Novos - Hotéis e Centros de Cultura e Edifícios Novos - Comércio (lojas, shopping centers etc.).
Avaliação: o sistema é composto por 14 critérios com perfis de desempenho, divididos em quatro grupos: Ecoconstrução, Ecogestão, Conforto e Saúde.
Níveis: cada critério é classificado como bom, superior ou excelente. Para obter o selo, é preciso ser bom em todos os critérios e atingir, no mínimo, quatro marcas no nível superior e três no nível excelente. Para o coordenador executivo do Processo AQUA, Manuel Carlos Reis Martins, a avaliação por desempenho favorece a busca por novas soluções. "O AQUA não cobra tecnologias predefinidas. Ele não diz, por exemplo, que o empreendimento deve ter aquecimento solar de água, mas sim que deve economizar energia", comenta.
Como funciona: registrado na Fundação Vanzolini, o projeto passa por três auditorias presenciais, que certificam o candidato nas etapas de Programa, Concepção, Realização e Operação.
Custo: em média, R$ 25 mil para obras com até 10 mil m2, e R$ 87 500 para empreendimentos com mais de 45 mil m2.
Certificados: 18 empreendimentos certificados, sendo três deles já concluídos.
Contato: www.processoaqua.com.br
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BREEAM O mais novo entre os selos para edifícios em terras brasileiras é também o mais antigo certificado ambiental para edifícios, no mercado desde 1992. Por enquanto, apenas um projeto no Brasil está em busca do selo. Trata-se do Movimento Terras, empreendimento de oito casas em execução em Petrópolis, RJ. A vila foi projetada pelos escritórios Levisky Arquitetos Associados, Miguel Pinto Guimarães Arquitetos Associados e Bernardes e Jacobsen Arquitetura, sob coordenação do escritório Sérgio Conde Caldas Arquitetura. A arquiteta brasileira Viviane Cunha, consultora da equipe, é a única profissional na América Latina credenciada pelo BREEAM para oferecer consultoria em projetos candidatos à certificação pelo sistema inglês. "É um sistema rigoroso que prima pela prevenção de impactos ambientais e não remediação. Outra vantagem é a alta capacidade de se adaptar a diferentes locais", diz a arquiteta. Segundo ela, ainda não há normas específicas para o Brasil. Nesses casos, o BREEAM disponibiliza uma versão internacional, que vai sendo aperfeiçoada à medida que novos empreendimentos na mesma região são certificados.
Categorias: qualquer tipo de edifício pode ser certificado, inclusive comunidades inteiras.
Avaliação: gerenciamento, energia, água, transporte, materiais, poluição, saúde e bem-estar, uso da terra e ecologia e resíduos. Cada critério deve ser atendido em proporções mínimas preestabelecidas.
Níveis: Pass (30%), Good (45%), Very Good (55%), Excellent (70%) e Outstanding (85%). Os números correspondem ao percentual de atendimento dos critérios de avaliação.
Como funciona: o projeto é registrado no BREEAM, que exige relatórios periódicos minuciosos para comprovar evidências da qualidade do projeto a cada estágio e após a construção - e que somam pontos para a certificação, concedida ao final da obra. Tudo ocorre à distância, por laudos emitidos pela empresa licenciada, mas podem ser feitas auditorias presenciais a qualquer momento. Anualmente, os critérios são revistos.
Custos: conforme o tamanho do empreendimento. O projeto da vila fluminense (que pode chegar a 2 400 m2) custará cerca de R$ 30 mil.
Certificados: mais de 110 mil edifícios, em vários países.
Contato: www.breeam.org
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PROCEL EDIFICA: Parceria entre a Eletrobrás e o Inmetro, a Etiqueta de Eficiência Energética em Edificações foi lançada em 2009 para prédios comerciais e públicos, como parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem e com a missão de incentivar a eficiência energética nas edificações. O órgão que faz a outorga é o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE), da Universidade Federal de Santa Catarina. Em novembro de 2010, o programa lançou a versão para empreendimentos residenciais. "O consumo de energia elétrica vem subindo no Brasil junto com o PIB", explica Solange Nogueira, chefe da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da Eletrobrás.
Categorias: Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos; Edifícios Residenciais Novos e Existentes; Apartamentos e Áreas Comuns de Edifícios Residenciais.
Avaliação: nos edifícios comerciais, a etiqueta julga a envoltória do prédio (fachadas e cobertura), iluminação e condicionamento de ar. Já nos habitacionais, são avaliados a envoltória e o sistema de aquecimento de água. Há ainda bônus para inovações que promovam eficiência energética.
Níveis: o resultado das análises se converte em notas de A a E, sendo A o nível mais eficiente.
Como funciona: o projeto deve ser encaminhado pela construtora ou pelo proprietário ao LabEEE. A análise e a emissão da etiqueta leva cerca de 60 dias.
Custos: de R$ 15 mil a R$ 20 mil.
Etiquetas: 21 edifícios avaliados e outros seis em processo.
Contato: www.procel.info.com.br
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CASA AZUL CAIXA: Lançado pela CEF em junho de 2010, integra o conjunto de ações que visam incorporar diferenciais de sustentabilidade aos produtos do banco - que responde por 70% do crédito imobiliário para habitação no Brasil. "A demanda por critérios de construção sustentável cresceu entre prefeituras e movimentos sociais, que começaram a pedir que a Caixa incluísse entre as obrigações itens como aquecedor solar ou captação de água de chuva", diz Mara Luísa Alvim Motta, gerente executiva de Meio Ambiente da CEF. Categoria: empreendimentos habitacionais feitos com financiamento da Caixa e programas de repasse como o Minha Casa Minha Vida.
Avaliação: são 53, dos quais o empreendedor deve escolher os mais adequados para a região do projeto. Se dividem nas categorias Qualidade Urbana; Projeto e Conforto; Eficiência Energética; Conservação de Recursos Materiais, Gestão da Água e Práticas Sociais.
Níveis: Atendido o mínimo de 19 critérios, recebe-se o selo Bronze. Para os níveis Prata e Ouro é preciso contemplar 25 e 31, respectivamente.
Como funciona: o projeto é entregue ao banco para análise dos critérios socioambientais previstos, durante a avaliação de viabilidade técnica. Se atingir um dos níveis, o empreendedor recebe o selo em até 30 dias - e firma um contrato de responsalibilade pela execução do projeto. A CEF monitora a obra.
Certificados: dez em análise.
Contato: http://downloads.caixa.gov.br/arquivos/desenvolvimento_urbano/gestao_ambiental/guia_selo_casa_azul_caixa.pdf.
PRÓS E CONTRAS DAS CERTIFICAÇÕES PARA EDIFÍCIOS

LEED
Vantagens

• Foi o pioneiro e já conquistou espaço no mercado nacional;
• Por ser usado em vários países, é o preferido das multinacionais, que optam por ele para manter o mesmo sistema de certificação em todas as suas filiais;
• Possibilita a conversão de um empreendimento que não tenha sido concebido para ser sustentável.
Desvantagens • Ainda pouco adaptado ao Brasil: isso faz, por exemplo, com que se dê um peso alto para as fontes de energia (que aqui vêm de matriz limpa) e pouco valor a questões trabalhistas e à gestão de resíduos, itens já resolvidos nos EUA;
• Como o sistema de pontuação dá o mesmo peso a todos os créditos, é possível optar pelos pontos considerados mais baratos e fáceis de ser alcançados - e que nem sempre são os mais relevantes do ponto de vista da sustentabilidade. Ter um bicicletário em vez de ter 10% de materiais locais, por exemplo, rende o mesmo ponto na contagem;
• Não conta com uma versão para edifícios residenciais.
Custos
R$ 1 por m², com valor mínimo de R$ 5 mil para construções com até 5 mil m² e máximo de R$ 50 mil para obras acima de 50 mil m².

AQUA
Vantagens

• 100% adaptado ao Brasil;
• Auditorias presenciais;
• Oferece referencial técnico para empreendimentos residenciais;
• Soluções abertas: como o que vale são os perfis de desempenho, o empreendedor tem mais liberdade para eleger as soluções que considerar adequadas;
• Exige um sistema de gestão do empreendimento com monitoramento contínuo e uma autoavaliação do empreendedor antes da certificação.
Desvantagens • Ainda é relativamente novo no mercado.
Custos Em média, R$ 25 mil para obras com até 10 mil m², e R$ 87,5 mil para empreendimentos com mais de 45 mil m².

BREEAM
Vantagens
• É o sistema de certificação mais antigo e mais usado em todo o mundo;
• Qualquer tipo de empreendimento pode se candidatar.
Desvantagens • Só tem um candidato brasileiro;
• Ainda não está adaptado para o Brasil;
• Pouco conhecido dos arquitetos, engenheiros e consultores de sustentabilidade.
Custos Não divulgado. Mas o primeiro projeto candidato ao selo no Brasil (www.movimentoterras.com.br) custará R$ 30 mil.

PROCEL EDIFICA
Vantagens

• Carrega a experiência do selo usado em eletrodomésticos;
• Avalia as soluções de projeto de acordo com a região bioclimática em que se encontra;
• Tem a credibilidade do Inmetro;
• Transparência: a etiqueta fica exposta aos usuários do prédio, que têm condições de saber a performance do edifício em cada um dos critérios avaliados.
Desvantagens • Avalia apenas o aspecto da eficiência energética de um edifício.
Custos
De R$ 15 mil a R$ 20 mil.

CASA AZUL
Vantagens
• Estimula a adoção de diferenciais sustentáveis em empreendimentos habitacionais de interesse social;
• Oferece um conjunto de critérios para serem escolhidos de acordo com a região do empreendimento. Desvantagens
• É restrito para empreendimentos habitacionais;
• Ainda é muito novo e tem poucos candidatos à certificação.
Custos - Taxa de análise: até R$ 328.
Fonte: Planeta Sustentável

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